sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Crítica: "O Ar Que Respiramos" directed by Jieho Lee

Desde que o cinema existe, que certas obras, aquando da sua estreia, não recebem os aplausos e o reconhecimento devido, mas que com o passar dos anos, acabam por se assumir como grandes objectos de culto. A exemplo disso, temos o filme Blade Runner, que apenas foi considerado o melhor filme de ficção-científica de sempre e foi aclamado pelos críticos de todo o mundo, muitos anos após a sua estreia nos cinemas e na caixinha pequena que mudou o mundo.
Ao que parece, O Ar Que Respiramos irá pelo mesmo caminho, sugerindo que será o tempo que se encarregará do amadurecimento deste importante filme.

O Ar Que Respiramos marca a estreia na realização de Jieho Lee, que nos traz um exemplo extremamente interessante de cinema mosaico, baseado num antigo provérbio chinês que diz que a vida é constituída essencialmente por quatro pilares emocionais interligados: Felicidade (Forest Whitaker), Prazer (Brendan Fraser), Tristeza (Sarah Michelle Gellar) e Amor (Kevin Bacon).
Ao longo do filme, estas quatro personagens vão entrando em colisão, acabando por modificar a vida uns dos outros.

Como realizador estreante, Jieho Lee mostra-se bastante hábil na arte de manejar a câmara, sendo que consegue captar momentos muito belos, como por exemplo, na cena em que a personagem de Sarah Michelle Gellar se encontra no telhado do hospital, e na cena que encerra esta interessante parábola.
No entanto, e como já é habitual numa obra de estreia, Jieho Lee tomou decisões muito arriscadas, e nem sempre conseguiu sair bem sucedido, fazendo com que muitas das vezes as personagens pareçam meras "marionetas" do destino. Isto claro, também foi culpa do argumentista Bob DeRosa.

O elenco é o grande chamariz deste filme independente, sendo que Brendan Fraser e Sarah Michelle Gellar (Prazer e Tristeza respectivamente) são as grandes estrelas, pois demonstram-se muito seguros nas sua interpretações e protagonizam as melhores cenas do filme. Isto verifica-se, não só pelo brilhantismo das suas interpretações, mas também, porque foram as personagens mais aprofundadas pelo argumento. 
Andy Garcia apresenta, como sempre, uma interpretação fascinante, sendo que neste filme faz o papel de um chefe do crime denominado Dedos. Kevin Bacon e Forest Whitaker (Amor e Felicidade) passam um pouco despercebidos, pois as suas personagens, apesar de fazerem parte do núcleo central desta obra, são pouco exploradas, contudo não deixam de apresentar boas interpretações. 
Emile Hirsch, Julie Delpy e Clark Gregg finalizam em grande este elenco de luxo.

Apesar de algumas falhas, é de louvar que Jieho Lee e Bob DeRosa tenham conseguido reunir um elenco tão chamativo e de tamanha qualidade, e que tenham escrito um argumento tão belo e complexo, cheio de significados filosóficos.
No final tem-se um filme, que mesmo não sendo superior a outros filmes-mosaico, como Magnolia e Colisão, contém ingredientes suficientes para garantir um visionamento da parte do espectador.

Nota Final: 8/ 10

2 comentários:

  1. Concordo plenamente com a sua crítica.
    Realmente o filme foi um pouco massacrado pela crítica, por isso, esperemos que com o tempo venha a receber os aplausos devidos.
    Gostei muito do seu blog, e já ganhou aqui um leitor deste seu grande projecto.
    Abraços.

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  2. Já vi este filme e, realmente, gostei muito dele. No entanto não tem a força de outros filmes do género como "Colisão", talvez por isso não tenha sido mais apreciado e tenha sido mesmo apelidado, nalguns círculos, de "presunçoso".

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