sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Crítica " May " directed by Lucky McKee



"Não gostei! O filme é parado e muito estranho!" - disse um amigo meu, assim que a última cena de "May" esvaiu-se da tela.
May é uma obra de arte, onde acontecimentos chocantes ocorrem sem a necessidade de expor muito sangue, pois o verdadeiro terror não está nos factos, mas na mente da protagonista que considera o mórbido, algo absolutamente belo e natural.
No início do filme, conhecemos a jovem May, uma criança diferente de todas as outras e que possuí um grande problema de estrabismo, que faz com que seja gozada por todos.



"Os pequenos defeitos é que nos tornam especiais", dirá Polly, a amiga-amante, mais adiante no filme. Apesar disso, a mãe da pequena May prefere colocar um gigantesco (vou utilizar a expressão brasileira) tapa-olho em May, o que a afasta de qualquer relação de amizade com outras pessoas, afinal, um defeito de nascença é melhor aceite na nossa sociedade, que um adereço de pirata numa criança de apenas dez anos.
Este primeiro "erro" da sua mãe será aquilo que tornará May num ser humano perturbado.

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A primeira mensagem do filme é dizer-nos, indirectamente, que May terá uma visão distorcida da vida.
Mais tarde, na sua solitária festa de aniversário, May recebe o pior conselho que uma mãe poderia dar: "Se não consegues encontrar um amigo...faz um.". Além de lhe dar este conselho, ainda lhe oferece Suzie, uma boneca de aspecto bizarro guardada dentro de uma caixa de vidro e madeira.
May torna-se uma adulta e vai trabalhar para uma clínica de animais, um misto de pet-shop e hospital veterinário. Funcionária exemplar, May nunca se choca com nada.
Como hobby, conversa com a boneca oferecida pela sua já falecida mãe, que é a sua única amiga e que representa uma parte da "psique" da jovem, que ainda não foi libertada.



Além de falar com Suzie, May também costura.
Quando as pessoas são boas para May, esta deseja bondade a toda a hora e em todos os aspectos, mas o mundo real não é assim. Somos parcialmente belos, parcialmente interessantes, parcialmente educados.
Que tal, então, juntarmos apenas aquilo que as pessoas têm de bom e belo? Assim, May decide fazer um boneco humano com as melhores partes de cada pessoa, ou seja, o pescoço de A, as mãos de B, as pernas de C, etc...



Além de tudo isto, o filme fala, também, da superficialidade do ser humano.
Adam (Adão, num paralelo entre o primeiro homem do mundo e o primeiro amor de May) é um estudante de cinema dedicado ao gore que interessa-se pela estranheza de May no princípio, mas que é afastado completamente por essa mesma estranheza, posteriormente.
E assim se desenrola a vida de May, abandonada por todos aqueles que ama.



"May" é um filme de terror diferente. A mistura de "Carrie" com "Frankenstein" funcionou de forma interessante. A história é pausada,desenrola-se num ritmo lento, e as cenas de violência são discretas. Angela Bettis está muito bem no papel de uma mulher estranha,demonstrando um grau de insanidade crescente capaz de levá-la a cometer homícidios. E o final, com um subtil,toque sobrenatural é digno de se manter na lembrança, pois é, realmente uma cena de grande beleza.

Nota Final: 7.5/ 10

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