segunda-feira, 2 de maio de 2011

Filme obrigatório: Elephant

Van Sant consolidou, com esta obra-prima aplaudida e premiada por Cannes com a cobiçada Palma de Ouro e o prémio de melhor realizador, o seu estilo de filmagem único e memorável.

O realizador dá um significado diferente ao termo “narrativa” e, ainda assim, consegue, ao debruçar-se sobre temas tão banais como a sexualidade, o bullying, o preconceito, as minorias sociais e as desordens alimentares na juventude, construir um universo onde o absurdo é engrandecido para que, ao vermos as coisas num plano externo e superficial, nos apercebamos da incoerência própria da nossa sociedade. E, apesar deste inegável realismo de que é característica a fita, podemos encontrar indícios simbólicos e trágicos ao longo da “história” que nos é contada — nos planos do céu em fast forward, no uso dos sons da natureza como eufemismo directo da realidade, ou das próprias Für Elise e “Moonlight” Sonata de Beethoven. O som e a fotografia, são, portanto, dois factores cinematográficos enaltecidos para a modelação do universo “elephantiano”. 

“Elephant” é uma sublime e inesquecível obra-prima dos tempos modernos, e que é, mais do que uma chamada de atenção para o estado preocupante da nossa educação, um refulgente e melancólico ensaio sobre a vida e a morte, sobre a violência e sobre a puberdade, espelhada tão magnificamente numa escola de qualquer género, de que a sociedade contemporânea insiste em não sair.

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